Ter no título da obra Pina *(Pina Bausch), Marina (Marina Abramovic) e chamar a Performance de ‘Sagração da Primavera’, título de uma obra de Pina Bausch (https://www.youtube.com/watch?v=-bp4kiW_te4) coloca a expectativa um tanto alto. A possibilidade de fracasso um tanto maior. Não posso traçar alguns garranchos e chamar de Mona Lisa, não posso (mesmo) pegar meu pandeiro e tocar com Marcos Suzano (https://www.youtube.com/watch?v=dZWhAEs82ac).
A composição dos movimentos dos bailarinos de Pina Bausch é algo fantástico, traz algo místico que toca profundamente a alma, mesmo sem saber porquê. Infelizmente colocar uma roupa vermelha e tirá-la não é suficiente para satisfazer o desejo criado invocando estes nomes. Para falar a verdade, senti vergonha, senti vergonha pela pobreza, pela nudez, fiquei incomodado com o mela-mela do público, que não foi avisado que ia ser sujado com água vermelha. Fiquei triste.
Busquei enxergar algo, as roupas vermelhas, o barro vermelho, a tinta vermelha na parede e nos braços, mas não consegui ver nada. Fujo dos momentos de movimentos lentos, aparentemente carregados de sentido, porém vazio como na colocação das tintas nas fitas brancas. Piada: se tivesse mais público, teriam passadas uma hora para melar todo mundo. Igual quando espalharam barro vermelho no público. Lentamente e sem sentido. Barro na mão, hum, legal???
Mover o corpo diante um público e dançar, para mim, são duas coisas distintas. Dá para deduzir porque a Companhia de Dança de São Paulo (https://www.youtube.com/watch?v=XiR3LuY8vnI) é boa, são oito horas por dia de treino e ensaios. Não é possível obter algum resultado com qualquer coisa. Tentar copiar um movimento de Pina Bausch não quer dizer de longo que se consegue a expressão igual. O resultado são movimentos ‘sujos’, escorregadas, e se recorre, com já visto muitas vezes e comentado por mim em críticas anteriores, a nudez. Não quero falar disso novamente, só quero dizer que não funciona, não traz nada, a não ser, para mim, vergonha. Se você sentir a necessidade de tirar a roupa em público, tudo bem, mas não me chame e não esconda isso atrás uma ‘obra artística’. É ótimo para uma oficina e não se esqueça de avisar antes.
Ainda esqueci um detalhe, uma parte da obra não planejada. O som, tão alto, fazendo a estrutura da casa ruir, fez cair um monte de sujeira na minha cabeça.
Triste…